Com este investimento conseguimos duplicar a nossa capacidade de engarrafamento de 70 milhões de litros ano para 140 milhões de litros ano. Mas mais do que isso. Permite-nos entregar ao consumidor um produto de maior qualidade, com uma nova imagem e um novo packaging mantendo as características únicas de sempre da água. Este investimento não visou apenas o aumento da capacidade produtiva, mas também o incremento da eficiência produtiva e de poupança energética e tornar a nossa operação mais sustentável.
A pandemia veio obrigar a alguma revisão deste investimento?
A estratégia e o investimento que tínhamos definido no período Pré-Covid mantêm-se inalterados. Fruto das muitas restrições impostas pela COVID, nomeadamente de circulação de bens e pessoas, tivemos apenas que reajustar alguns timings de algumas das inovações que queremos disponibilizar ao mercado.
Que pilares sustentam a reorganização anunciada na estrutura produtiva?
Inovação, sustentabilidade e eficiência energética e ambiental.
Com a implementação de novas soluções de sustentabilidade ambiental, que metas esperam alcançar? Essas metas são possíveis mesmo numa situação de aumento da capacidade produtiva?
Claro que sim. Acreditamos convictamente nessa equação e todo o nosso investimento teve como pilar essencial a minimização da nossa pegada ambiental. Somos membros fundadores do Porto Protocol pelo que que temos, uma consciência ambiental muito enraizada na nossa cultura. Adotamos um conjunto de boas práticas que envolveu trocas na frota de camiões, a aquisição de veículos elétricos, renovação de toda a luminária da fábrica para sistema LED, entre muitas outras iniciativas, que permitiram ganhos enormes na redução de consumo de combustível e na emissão de CO2. Estes investimentos permitiram-nos por exemplo diminuir o consumo energético em mais de 15% aumentando mesmo assim a produção. O plástico é hoje um material essencial para assegurar a segurança e higiene alimentar. Há estudos que demonstram, por exemplo, que a substituição total do plástico por outro material nas embalagens alimentares resultaria impreterivelmente num aumento de mais de 30% do desperdício alimentar que, como sabemos é, já hoje, nos países desenvolvidos, muito alto. O segredo está claramente na reutilização e reciclagem dos materiais, todos, incluindo o plástico. Portugal nesse âmbito está um pouco atrasado olhando à taxa de reciclagem de apenas 30%. Temos um longo caminho a desbravar sobretudo de mentalidade, no entanto estou otimista e penso que a geração mais jovem “dará lições” neste tema.
No caso particular da Monchique temos essa preocupação sempre em linha de conta e por isso, através da Associação Águas Minerais e de Nascente de Portugal, assinamos o Pacto Português para os Plásticos, um acordo que defende e pretende incentivar a criação de soluções para uma economia circular.
Além da diminuição do consumo de PET em toda a cadeia de produção, incorporamos 30% de PET reciclado nas nossas garrafas cumprindo já as metas europeias delineadas para 2030. Outro exemplo é a eliminação do consumo de plástico retrátil na tara de 5Lt que nos permitirá deixar de enviar para o mercado cerca de 25 toneladas de plástico de embalagem ano. Reduzimos em mais de 16% o peso do nosso garrafão de 5l que permitirá poupar mais de 100 toneladas de PET por ano.
Estamos ainda envolvidos em projetos de investimento em parceria com outras empresas para descobrir outras formas de substituir o plástico e/ou aumentar o percentual de PET reciclado utilizado. Sendo um produto tão sensível como é a Água, o cuidado na utilização destes materiais tem de ser calculado e muito bem medido. Aliás a água deveria ser o último produto a entrar nesta guerra, contudo pela dinâmica do setor preferimos estar na liderança.
Acreditamos convictamente que a melhor abordagem ao plástico de embalagem passa exatamente pela reciclagem, desenvolvendo assim uma economia circular de reaproveitamento dos materiais que a indústria agradece e está ansiosa por ter disponível.
Quando tanto se fala na redução da utilização do plástico, como se posiciona a Água de Monchique a este respeito? É possível eliminar totalmente o plástico nas águas engarrafadas?
Acreditamos que é possível reduzir a utilização do plástico e é isso que fazemos diariamente na Monchique - todas as nossas garrafas são produzidas com 30% de PET Reciclado e 100% recicláveis. Eliminamos o consumo de plástico retrátil na tara de 5 litros algo que nos permite deixar de enviar para o mercado cerca de 25 toneladas de plástico de embalagem ano e reduzir em mais de 100 toneladas o PET lançado no mercado através da redução do peso da embalagem. A reutilização é a palavra chave no plástico!
O investimento anunciado vai abranger ainda o rebranding da marca. Era necessário reposicionar a Água de Monchique?
O processo de rebranding surgiu efetivamente da necessidade que sentimos de aproximar a marca do consumidor e de estabelecer com ele uma ligação mais emocional. Quisemos revitalizar a marca, evidenciando aquelas que são as suas características distintivas. Não se trata de beber água, mas sim de beber Monchique.
O desenho das novas garrafas assentou em dois grandes princípios: a simplicidade e a transparência. Em paralelo com o desenvolvimento das novas garrafas foi desenhada também uma nova identidade gráfica, onde o logótipo passa a ser mais clean, com lettering mais elegante e que tal como as novas embalagens segue os princípios da simetria e do equilíbrio. Já a célebre gota – ícone distintivo da Água Monchique - assume agora um maior protagonismo, “Somos agora mais Monchique, mais ph 9,5.” Alinhados com a nova linguagem, os rótulos são também eles recicláveis, impressos num material transparente para transmitir a fluidez da água e a elegância da garrafa. A nível cromático, a identidade da marca assenta no grená que é, desde há alguns anos, a cor da Monchique, a cor da alcalinidade, facilmente reconhecida pelas suas cápsulas na utilização e da cor azul, que simboliza universalmente a água. A introdução do vidro surgiu numa lógica de continuidade dentro deste reposicionamento da marca. Os consumidores Monchique, ou Monchique Lovers como nós gostamos de os apelidar, têm vindo nos últimos anos a lançar à marca o desafio de retomar o vidro. Era efetivamente um anseio que já vínhamos a equacionar há algum tempo e esta era a altura ideal para o fazermos.
Acompanhando o movimento de digitalização, a Água de Monchique lançou um novo portal e uma app de monitorização de consumo de água. Trata-se de mais uma forma de aproximação ao consumidor? Qual o objetivo desta app?
A myMonchique é mais uma ferramenta de comunicação entre a marca e o consumidor, mas é também um sinal da inovação que procuramos constantemente na Monchique. Esta é apenas a versão 1.0 desta app. Uma ferramenta que estará em contante desenvolvimento, acompanhando todas as novidades que a marca vai apresentar. De entre as funcionalidades disponibilizadas pela “myMonchique”, destaca-se o sistema de gamification de incentivo à reciclagem, onde os consumidores são desafiados a registar o momento em que reciclam as garrafas de Água Monchique e a partilhá-lo nas suas redes sociais, acompanhado pelo hashtag #ecoselfie. Acreditamos que “esta funcionalidade irá desencadear um novo e inovador movimento nas redes sociais: o #ecoselfie, que irá viralizar a adoção da app ao mesmo tempo que estimulará o ato de reciclagem. A myMonchique disponibiliza ainda a função de monitorização de consumo de água com análise de dados e respetivo histórico, com potenciais rewards/pontos no seu cumprimento, um assistente virtual (Aqua) que sugere e aconselha o consumo de água para a manutenção de níveis de hidratação saudáveis, tendo em conta fatores como a meteorologia, a constituição física ou o estilo de vida do utilizador, secção de conteúdos in-app/notificações (faqs, notícias, dicas, promoções) do universo Monchique, entre muitas outras.
Em termos quantitativos, o que esperam alcançar no seguimento deste investimento? Esperam crescer em vendas e quota?
Para além do aumento da capacidade produtiva – de 70 milhões para 140 milhões de litros/ano - a Sociedade da Água de Monchique espera com este investimento alcançar, um volume de negócios na ordem dos 15M€, atingindo uma quota de mercado de 11%, representando um crescimento de cerca de 60% relativamente a 2019.
Alcançar a liderança do mercado das águas minerais em Portugal é uma das metas?
Todo este investimento foi planeado e executado tendo em vista uma antiga ambição da Sociedade da Água de Monchique: alcançar a liderança do mercado das águas minerais em Portugal. Hoje, com a moderna estrutura produtiva alavancada em tecnologia de ponta, com o rebranding da marca e o novo packaging, com o alargamento da gama disponibilizada ao mercado e com o contributo imprescindível de uma equipa forte, coesa e motivada temos a certeza de que temos reunidas todas as condições para disputar esta liderança!
O reforço da capacidade produtiva permitirá alavancar a exportação? Que importância têm as vendas internacionais e quais os mercados mais importantes?
A nossa prioridade é e continuará a ser o mercado nacional. Obviamente, hoje temos reunidas condições para trabalhar de uma forma mais assertiva os mercados internacionais, onde a Água Monchique é muito procurada pelas suas características únicas. O peso atual dos mercados externos ainda é pequeno, mas com este investimento vamos avançar com força e confiança e responder à procura.