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06 Julho 2021

Entrevista de João Correia, atleta paraolímpico apoiado pela Água Monchique

“Nunca desistam de lutar por aquilo que acreditam”

João Correia, o primeiro atleta português a ganhar uma medalha internacional em atletismo em cadeira de rodas, está a preparar a sua estreia olímpica, que vai acontecer entre 24 de agosto e 5 de setembro, nos Jogos Paraolímpicos de Tóquio. A Água Monchique vai acompanhar o atleta naquele que será o concretizar de um sonho. Numa conversa descontraída, João Correia, exemplo de força e superação, revela alguns dos segredos de quem nunca deixou de gritar ao mundo “Ouçam, estou vivo”!

Conte-nos um pouco do seu percurso de vida.


Abri os olhos para o mundo no dia 20 de julho de 1983, em Santo Tirso. Mundo que passei a ver de uma outra forma quando um acidente de viação, aos dois anos, me colocou numa cadeira de rodas. Após anos de reabilitação, percebi que nada mais havia a fazer do que iniciar a maior prova de resistência que existe: Viver! E foi uma enorme força de viver, suportada sempre nos pilares sólidos da família, que me ajudou a desenvolver, desde cedo, a paixão pelo desporto para pessoas com deficiência, num tempo em que este era fortemente condicionado face aos parcos recursos existentes. Sou uma pessoa simples, humilde, resistente, persistente, teimoso, reservado, um pouco tímido e com muitos outros defeitos e qualidades que julgo, de uma maneira ou outra, serem comuns a todos nós. As graves lesões que sofri fizeram-me entender o quão ténue é a barreira da vida. Hoje, tento aproveitar ao máximo cada dia, cada segundo, cada momento.


Quando e como acontece o desporto de alta competição, especialmente o atletismo?


Em 2001, em Lisboa, aquando de um estágio, onde conheci o Heinz Frei, considerado como o melhor atleta Paralímpico de sempre. O desporto, desde então, é para mim uma lufada de ar fresco. Para lá de fazer bem ao corpo, ajuda-nos a esquecer, por algum tempo, tudo o que nos rodeia. Ao longo dos anos, o desporto foi a forma de dizer ao mundo “Ouçam, estou vivo”! Mesmo não sendo escutado pela sociedade a maior parte das vezes, soube sempre “tolerar” essa ignorância, facto que me ajudou a crescer por dentro e por fora.


Quais as principais dificuldades que encontrou?


As materiais. A prática desportiva adaptada para a área motora é extremamente dispendiosa, muito em função do custo das cadeiras de rodas desportivas. Para que se tenha uma ideia, uma cadeira de atletismo para competição custa no mínimo 6.000€ e pode atingir preços acima de 20.000€.

 

O momento que mais o marcou nesta longa caminhada desportiva e porquê?


O mesmo destino que me colocou numa cadeira de rodas cruzou-me com o “Melhor Atleta Paraolímpico” de todos os tempos, Heinz Frei, que, num gesto fraternal, me ofereceu uma das suas cadeiras de competição, com a qual alcançara em 1999 o recorde mundial na Maratona. Recordo a primeira vez que representei Portugal. Foi no Campeonato da Europa de Atletismo de 2003, na Holanda. Tinha 19 anos. Era um desconhecido aos olhos de todos, mas trouxe a primeira medalha (prata) para o atletismo português, numa prova em cadeira de rodas. Emocionado, assim que saí da pista de competição abracei Heinz Frei e dediquei-lhe a medalha, pois sem a sua ajuda tal feito nunca teria acontecido.


Qual é o segredo para a força e a determinação que o caracterizam?


A fé e a família são, sem sombra de dúvida, os meus principais pilares. Depois todos nós temos capacidades. Eu tenho comigo uma capacidade natural de me renovar a cada desafio e isso, sem dúvida, é, no meu ponto de vista, uma enorme mais-valia.   


Expetativas em relação à presença nos Jogos Paraolímpicos de Tóquio?

O simples facto de poder estar presente nos Jogos Paraolímpicos, para mim, significa imenso! O objetivo passa por conseguir trazer um diploma paralímpico, o que significa ter conseguido chegar a uma final. Nessa final, naturalmente, irei tentar, como sempre, dar o meu melhor.


Que hábitos tem um atleta de alta competição?


Ao longo da minha carreira no desporto de alto rendimento, aprendi que é fundamental estarmos atentos aos sinais que o nosso corpo nos transmite.  É importante manter uma dieta equilibrada com o apoio de um nutricionista para ajustar a nossa dieta, em função dos resultados das análises sanguíneas. Não nos podemos esquecer que 60% da composição corporal humana é feita de água, por isso a hidratação, principalmente durante a prática desportiva, é essencial para alcançar um bom desempenho, além de prevenir lesões e doenças mais graves. Por dia, consumo cerca de 3 litros e meio de água. Por fim, não podemos descartar a parte psicológica e sermos positivos. A eficácia do exercício físico depende muito da concentração e, claro, dos pensamentos positivos, que são, muitas vezes, a chave para fazer frente ao cansaço ou à dor. Depois, temos as situações óbvias de abstinência como não fumar, não consumir bebidas alcoólicas, abdicar de noitadas e festas.


Como surgiu a parceria João Correia-Água Monchique?


Aquando da gravação do anúncio para a televisão da nova imagem da Água Monchique, no ano passado, porém já era um consumidor da Água Monchique há vários anos.


Água Monchique. Porquê?


Por me rever nos valores e princípios da marca, além de ser uma água que, pelas suas propriedades singulares, contribui para o meu desempenho desportivo.


Água Monchique numa palavra


Saudável.


O que o move?


A paixão pelo desporto e o meu próprio lema de vida: “Nunca Desistas!”.


Um sonho concretizado?


Ter conseguido ajudar pessoas na mesma condição física do que a minha a terem acesso a melhores condições para a prática desportiva. Existem imensas pessoas dentro de suas casas e talvez, agora, para muita gente seja mais fácil perceber o que isso significa, dado ao confinamento. Existe ainda muito a ser feito, mas é de extrema importância, pois a prática desportiva, seja ela qual for, faz bem não só ao corpo, mas também à mente.


Um sonho por concretizar?


Marcar presença nuns Jogos Paraolímpicos.


Uma mensagem para os Monchique Lovers


Nunca desistam de lutar por aquilo que acreditam.